terça-feira, 26 de outubro de 2010

Afeição

Quero que veja teus reflexos em mim;
As reações que, em cadeia, são desenfreadas
Por um toque teu.

Teus dedos gelados traçam a curva
De meu colo morno e sinto-me
Gelar por inteiro - derreto aos poucos.

Tua ternura e cuidado me deleitam
Mas nada ocorre... Não que queira!
Seria tudo contrário à ordem. 

Mas chegar ao imo teu por externasses minhas,
E vocabulários teus - é de intento nosso.
E ao cerne meu por olhares teus,
Proximidade minha e afeição mutua - é deleite nosso.

Teu mirar encalistra- me; é, pois, oceano castanho que
Nas profundezas me perco, e não encontro caminho que dê
A respirar. E tudo que não consigo neles ler – tenho, nas impressões
De tuas mãos quando me afagam os cabelos, qualquer léxico que deles
Deveria extirpar.


Gostaria de conhecer - não se recíproco - mas
O que em ti causo, pois em mim você importa e reside.
Não é amor, por sua raiz ou pelo que virou, não é magnetismo dos corpos
Não é desejo somente. É algo mais.
É interior, a intimidade.

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