terça-feira, 28 de setembro de 2010

E a vida em sépia.


Os poemas me encontram
Mesmo em meio ao mundo.
As risadas e falatórios -
Quantas vezes não me tiraram
A atenção.

São fantasmas passados que me
Doem o peito quando me perco em
Lembranças.

Chico uma vez disse que sua vida
É feita de memórias.
Mas qual não é?
O que escrevo são as imagens gravadas
Em meu subconsciente.
É como se as transcrevesse, pintasse,
Em poesia.

As imagens seriam todas distantes... Um tanto turvas
Em cores difusas.
As vozes não encontrariam tons;
E os olhos - se reconhecíveis - opacos.

Meu filme é mudo
E a película, gravada em sépia.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Rodrigo Amarante

Em entrevista para uma revista ele diz:


Amarante - Quando escrevo (falo por mim) tenho a impressão mais de estar tentando materializar nas palavras e na música uma coisa que já está em minha memória. 
É como cristalizar um pensamento transformando-o em palavras. Dessa forma coisas da vida aparecem nas músicas mas nem sempre de forma literal ou objetiva.

 Muitas das músicas compostas por ele são minhas preferidas : Último Romance, Sentimental e tendo conhecido-a através de uma amiga (Sofia) Evaporar.

Evaporar

Little Joy

Composição: R. Amarante
Tempo a gente tem
Quanto a gente dá
Corre o que correr
Custa o que custar
Tempo a gente dá
Quanto a gente tem
Custa o que correr
Corre o que custar
O tempo que eu perdi
Só agora eu sei
Aprender a dar foi o que ganhei
E ando ainda atrás desse tempo ter
Pude não correr pra ele me encontrar
Não se mexer
Beija-flor no ar
O rio fica lá, a água é que correu
Chega na maré, ele vira mar
Como se morrer fosse desaguar
Derramar no céu, se purificar
Deixar pra trás sais e minerais
Evaporar
 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

E aqui dentro... a Falta.

Como um solo infértil, sem essência
Ou qualquer condição de vida e não
Há quem respire alegria: é onde o brilho de teus olhos não alcança...
Essa luz fugas que por muito segui
Já significa nada e está, pois, esquecida
Dentro em mim: como que adormecida
Contudo respira e, portanto, vive...

E quanto a mim, inconseqüente – inconsciente,
Dito minhas passadas na cadência desta pulsação
Que em meu âmago, há muito enterrada,
Resiste a martelar, inda que suavemente,
Contra o peito meu. E se faz presente em cada momento
como se de intento eu já não sorvesse... E como se vidente,
Impelido por renovado sopro de vida originário de ti
Ressurge como farol no horizonte após a forte tempestade
Ter me tomado o rumo.

E esta luz incandescente são teus olhos a encontrar os meus
E teu cheiro a acariciar meu rosto. São teus dedos a varrerem minha face
E, em única passagem, deixarem a marca perpétua de teu calor junto ao
Meu corpo...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Diáfano, sim. É ela.

Sinto as mãos vazias de palavras, os versos despedindo-se dos dedos, sinto a confissão se esvaindo.
E, de pouco em pouco - como se ressequido,
O espírito antes livre para versar confunde-se com o redór.

E a cada pedaço que se vai, sinto-me sem motivo.
Como se sem realidade
Seja feita de translúcido, bordas irreais.
Não sei se de vazio interior,
Ou se de externo inexistente
Que são feitas minhas palavras.
E toda linguagem minha, como se de poeira fosse feita,
Parece, pois, coisa nula, descartável...
Bagatela.

E de quê poderia valher-me
Léxicos que nada significam?
E para que transcorrer, mesmo que fluidamente,
Sobre insignificâncias do que está por dentro?

Se nada parece ter mais por que.
E de nada vêm, então de nada serve e nada significa.

Não quero escrever sem motivo,
Sem sentimento nem motivação.
E toda essa falta me corrói, faz-me mal
E o ciclo, vazio de cheio, não se interrompe.
E a cada vez afogo-me em lamurias intermináveis
Não há regojizo... Não há sorriso, não há
Se quer, expressão.

E toda linguagem minha, como se de poeira fosse feita,
Parece, pois, coisa nula, descartável...
Bagatela.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Que nada contém.

Só quero o sossego de teus lábios coligidos com os meus. Teu suave gosto a me inebriar juntamente de teu cheiro, teus toques enfim, tua presença... Preciso de ti mais do que parece. Nada há que diminua esta aflição imposta a mim. Sem ao menos saber quem tu és, priva-me de discorrer sobre o provável tom de pele a reluzir sob o sol poente; o brilho de teus olhos diante da tela de cinema, para mim, muda; teu perfume carregado até onde estou e que, sei, nunca esteve; assim sendo, assisto o romance de outros. Escuto estórias repetidas a cada vez, leves alterações... Mas quem se preocupa com os clichês quando são eles a preencher-lhes o espírito e lhes permite colocar um sorriso nos lábios?



Não sei, mas são as histórias mais tristes (aos olhos de outros, e a mente e corações de uns) que mais me atraem. Não sei se porque enxergo beleza onde há dor, somente porque assim, o sentimento é valorizado... Sinceramente, a opacidade de meus pensamentos, quanto ao assunto relacionamento, e todos os trâmites que lhe são concernentes, deixa-me triste. É como se me pedissem para pensar no nada. Isso, somente, se me prendo no momento atual, pois passado todos temos e é dele que construímos nossa base seja com relação a o que for... Só que passado não alimenta o espírito de quem necessita de regojizo, seja de que for, provindo de outro ser; ele não comprime o peito de saudade (as vezes sim, mas não depois de tanto tempo... dependendo da intensidade do sentimento), nem dá a sensação de borboletas no estômago... Não sei, sinto falta de algo, ou alguém. É como se escrever não tivesse mais por que.

E isso, é insuportável.

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