sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Diáfano, sim. É ela.

Sinto as mãos vazias de palavras, os versos despedindo-se dos dedos, sinto a confissão se esvaindo.
E, de pouco em pouco - como se ressequido,
O espírito antes livre para versar confunde-se com o redór.

E a cada pedaço que se vai, sinto-me sem motivo.
Como se sem realidade
Seja feita de translúcido, bordas irreais.
Não sei se de vazio interior,
Ou se de externo inexistente
Que são feitas minhas palavras.
E toda linguagem minha, como se de poeira fosse feita,
Parece, pois, coisa nula, descartável...
Bagatela.

E de quê poderia valher-me
Léxicos que nada significam?
E para que transcorrer, mesmo que fluidamente,
Sobre insignificâncias do que está por dentro?

Se nada parece ter mais por que.
E de nada vêm, então de nada serve e nada significa.

Não quero escrever sem motivo,
Sem sentimento nem motivação.
E toda essa falta me corrói, faz-me mal
E o ciclo, vazio de cheio, não se interrompe.
E a cada vez afogo-me em lamurias intermináveis
Não há regojizo... Não há sorriso, não há
Se quer, expressão.

E toda linguagem minha, como se de poeira fosse feita,
Parece, pois, coisa nula, descartável...
Bagatela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores